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Shibumi sabedoria na simplicidade

    
  A vida é a essência Shibumi (渋み), shibui (渋い adjectivo), ou shibusa (渋さ substantivo) palavras do nihon go, a língua japonesa, referente à singular estética da perfeição na simplicidade.


  Sua compreensão envolve a abertura da percepção propiciada pelo Tao, Zen, meditação e outras práticas mais comuns aos orientais. Consiste na eterna sabedoria de ultrapassar os limites do conhecimento (temporário) e atingir a simplicidade como nos pequenos paraísos, que se recusam a crescer: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/os-paraisos-que-nao-querem-crescer/






  A palavra shibumi não possui uma tradução na língua portuguesa pois o ideograma expressa um conjunto de qualidades harmoniosas culminando por assegurar ao seu detentor um estado de espírito de plenitude - do ser no Universo – um delicado equilíbrio; é o foco de perfeição almejado na prática das Artes Marciais.

  Alguns referem como Nirvana budista ou Satori. Na Índia, pode ser comparado à recitação do "Nam-myoho-rengue-kyo" dentro do Sutra de Lótus.

  Não existe possibilidade de uma tradução. Contudo, sabemos ser a síntese de todas as forças do Universo consubstanciadas na natureza competitivo e evolutiva da vida e do ser humano.

  Como descrever uma qualidade indescritível?
   Uma expressão de tão correta não precisar ser ousada...
    Tão mordaz prescindir ser bonita...
     Tão verdadeira sem necessitar ser real?



  Aliás, qual é a diferença entre o verdadeiro e o falso?

  O efeito causado em nós!


  O falso espelha-se e ecoa em nossas fraquezas, dependências, carências, necessidades e conflitos.



  Nascer capaz de entender o Universo é uma qualidade da natureza humana.
  O falso contraria a natureza: fecha-nos; amesquinha, torna-nos egoístas, preocupados e deprimidos.


  O verdadeiro enche-nos de amor, engrandece-nos; dá-nos forças e energiza para superar dificuldades e obstáculos.


  Shibumi é um silêncio eloqüente.


  Shibumi é compreensão, muito mais do que conhecimento.

  Uma leveza que nos transporta a outro plano.

  Ultrapassar o conhecimento e atingir a simplicidade.


  A simplicidade é a maior sabedoria:

 O conhecimento é limitado as acervo de informações...

 A sabedoria não tem limites, é a capacidade de compreender.




  Quando o sábio encontra algo "novo", antes que alguém possa terminar de dizer:
"-algo que não conhecias! Não és tão sábio assim ! "
 O iluminado já se harmonizou ao "novo" e tudo é um só com o Universo:
 Ser Um, e ao mesmo tempo o Todo.  ("when one is all and all is one" na canção Stairway to heaven de Led Zeppelin)




  Shibumi - em nihon-go (língua japonesa, ideográfica ou simbólica) expressa uma virtude de esplendor e até pode se referir a uma obra.
  Sentimos, mais do que propriamente vemos: Shibumi é usado para qualificar jardins e locais nos quais há harmonia e beleza fluída; a paz está em movimento sem se perturbar.



  A principal referência de Shibumi será sempre à pessoa... Porque uma obra – se tiver a característica de Shibumi, a terá recebido do seu criador, e constituirá o registro do momento em que o artista atingiu um momento de esplendor.


  No comportamento (wabi), uma tranqüilidade espiritual que não é passiva. Em Shibumi, há uma energia intensa mas pacificadora, que desestimula qualquer desafio.

  O detentor de Shibumi possui autoridade natural, sem a necessidade de dominação porque derivada da sabedoria. 

  Embora criado por um ocidental, o inglês Rudyard Kipling (1865-1936), o poema "IF" auxilia a entender a ideia contida em Shibumi:

Se
Se és capaz de manter a calma quando
Todo o mundo ao redor já perdeu e te culpa;
De crer em ti quando todos estão duvidando,
E para esses no entanto expiar a desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
De sonhar - sem fazer dos sonhos os teus senhores;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena:"Persiste!" ;

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que é mais - tu serás um Humano, ó meu filho! 


 Sonoramente comparada ao original inglês, a tradução de Guilherme de Almeida é mais harmoniosa. O tradutor encerrou com "és um Homem, ó meu filho". Na época, não havia essa guerra de gêneros criada e alimentada pela NOM e Foro de São Paulo. Homenageando ao tradutor, substituímos com a expressão (ser) Humano acreditando expressar melhor a ideia. 

 A 4ª linha da primeira estrofe continha "...achar uma desculpa" sonoramente harmônica e com sentido de "encontrar uma razão para continuar lutando" contra o atavismo mesmo quando todos o culpam. No tempo decorrido desde a tradução, nossa sociedade foi impregnada pela acultura da superficialidade onde foi esquecido aquele sentido da expressão "achar desculpa" cujo sentido limita-se a criar um engodo para evitar ter de assumir as consequências de algo malfeito. Assim, sentimo-nos intelectualmente obrigados a um upgrade na tradução daquele trecho.



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