Castañeda Caminho do Coração


Página em permanente construção*
Para realizar grandes sonhos necessitamos[[[ Grandes sonhos! [Hans Seyle]
Aperfeiçoe-se  e  ajude a construir  1 ümelhor

 

Seguir o caminho do coração:

 

  Carlos Castaneda, doutorando em antropologia na Universidade da Califórnia, pesquisou as culturas indígenas criando uma saga e se tornando um dos maiores precursores da new age tribe. Sua obra, de crescente perplexidade, difundiu idéias até então inconcebíveis pelo sistema social vigente. Só encontrou espaço para se propagar na ruptura dos padrões sociais do início da década de 60, quando os hippies norte-americanos começavam a colocar flores nos cabelos e a contracultura a aclamar a proximidade da Era de Aquário, A atmosfera era de inquietação e aversão ao modo capitalista de vida, responsável por guerras como a do Vietnã; a juventude não queria dar continuidade ao ideal "sonho americano" do "sucesso a qualquer preço" e uma casa confortável com todos aqueles "inutensílios" domésticos.

  "A Erva do Diabo", "Viagem a Ixtlan", "Uma estranha realidade", "Portas para o Infinito", "O Segundo Círculo do Poder". No sexto livro, "O Presente da Águia", começando a compreender aquela "...estranha realidade", cujo apêndice resume a doutrina em seis proposições.

  O CAMINHO DO GUERREIRO        

  "Para mim, o mundo é assombroso porque é estupendo, assustador, misterioso, insondável; meu interesse e convencer você a tomar ciência de que esta aqui, neste mundo maravilhoso, deserto maravilhoso, tempo maravilhoso. Quero convencer você a aprender a tornar cada ato importante e válido, porque ficará aqui por um curto espaço de tempo. Na verdade, curto demais para conhecer todas as maravilhas que nele existem." (Dom Juan, em trecho extraído de Viagem a Ixtlan, de Carlos Castaneda)

  A "estranha realidade" indecifrável e impalpável de que Castaneda falava, veio ao encontro da intensa busca pela liberdade total, pelo prazer contínuo, pelos estados alterados de consciência, e pela espiritualidade ligada a culturas antigas, uma alternativa ao sistema.

   O Divisor de Águas

  No verão de 1960, o antropólogo Carlos Castaneda, foi a Nogales, no Arizona, colher informações para sua tese de pós-graduação sobre o uso de ervas medicinais e psicotrópicas por tribos mexicanas. Lá, mais precisamente num ponto de ônibus, conheceu um velho índio yaqui pertencente a uma antiga linhagem xamânica do México. O feiticeiro, que se auto intitulava Dom Juan Matus, viu em Castaneda um discípulo, iniciando-o numa jornada assustadora e arrasadora pelos mistérios de outras dimensões.

  Até conhecer Dom Juan, Castaneda era como qualquer outro típico homem ocidental: escravizado pela opinião alheia, dependente dos outros, egocêntrico, inseguro e ostentando uma intelectualidade acadêmica sem serventia. Em seu primeiro encontro com o brujo (curandeiro), Castaneda recebeu um olhar desconcertante, sentindo todas suas defesas desativadas, extremamente frágil. Dom Juan o induziu a questionar suas certezas mais profundas, a tal ponto que diluiu o mundo pessoal de seu aprendiz. Daí viria o porquê de se "apagar a história pessoal", para que o indivíduo se liberte da "prisão da personalidade" e da importância auto-imbuída e possa mergulhar tranqüilamente pelo infinito - o nagual. Por isso, pouco se sabe sobre sua história pessoal até aquele encontro porque Castaneda esforçou-se para apagá-la, a pedido de seu mestre. Alguns lhe atribuem origem peruana, enquanto o próprio disse ter nascido no Brasil, na cidade de Mairiporã, próxima a São Paulo, no dia de Natal, em 1935. A fazenda onde teria vivido durante a infância era de seu avô, e sua mãe era uma empregada. Castaneda costumava resumir sua vida pessoal dizendo ter sido fruto de um "ato sexual pobre" nascido com uma "escassez de energia sexual". Seus livros sugerem ter sido um rapaz tenaz, rebelde e agressivo, projetando sua própria frustração familiar, oscilando entre a compaixão e o desprezo pelo pai. Teria sido enviado a um orfanato na Argentina; aos quinze anos, partiu para São Francisco, Califórnia, onde viveu com uma família adotiva enquanto completava o bacharelado. Em 1960, casou-se com uma norte-americana, quatorze anos mais velha da qual se divorciou em 1973.

  Dom Juan dizia que "ser impecável significa pôr sua vida alinhada de modo a apoiar suas decisões, e então fazer muito mais que o seu melhor para realizar estas decisões". Para isso, ensinava Castaneda a se desprender do ego, que faz as pessoas "pseudo-agirem", isto é, viverem em função do reconhecimento social.

  O Mescalito e a Erva do Inferno

  Castaneda contava que, quem de fato o havia escolhido como discípulo, tinha sido Mescalito, uma entidade que habitava o peiote. Sob a orientação de Dom Juan, Castaneda experimentou extraordinárias alucinações através do consumo do peiote, de cogumelos mágicos e da datura - a figueira-do-inferno. Suas experiências com as plantas psicotrópicas foram relatadas em seu primeiro livro, A Erva do Diabo, que teve repercussão imediata entre a geração flower power. Os hippies já tinham como referência o papa do LSD, Timothy Leary, e, antes disso, Aldous Huxley, autor de As Portas da Percepção e Admirável Mundo Novo.

  Durante esses "transes", Castaneda afirmava que podia se transformar em corvo, lutar contra feiticeiras poderosas, conversar com lagartos, penetrar em outras dimensões, e ser instruído por Mescalito sobre a "maneira adequada de viver". Em seus livros, ele explicava que essas plantas eram utilizadas apenas para quebrar a corrente de interpretações que formam a realidade objetiva; elas promoviam um estado de abstração pura, no qual todas as construções mentais que dão origem ao mundo do dia-a-dia desapareciam.

  Ao contrário do que muitos pensam, Castaneda não fazia apologia do uso dessas "plantas sagradas", que só poderiam ser consumidas com o auxilio de um guia. Em entrevista à revista Veja, em 1986, Castaneda disse que "Dom Juan usou psicotrópicos e plantas alucinógenas como um auxílio aos ensinamentos. Uma vez atingido o objetivo, estes veículos se tornaram desnecessários". Navegar em outras dimensões, ele dizia, pode trazer revelações atemorizantes, cujos efeitos poderiam ser devastadores para a psique humana. Castaneda contou que, em suas primeiras experiências, tinha a certeza de que sem um guia teria perdido o caminho de volta à realidade consensual. Disse ainda que, se uma pessoa interrompe acidentalmente a corrente do bom senso e não consegue refazê-la, torna-se psicótica. O bruxo, explica Castaneda, consegue "viajar" voluntariamente e adquirir novas compreensões sem perder os parâmetros do mundo consensual. A "loucura controlada" é o que permite ao feiticeiro adaptar seus vastos conhecimentos à vida prática, pois todos eles só são válidos se forem pragmáticos, alegava Castaneda.

  Castaneda e a Tensegridade

 Castaneda adaptou uma série de movimentos corporais dos antigos xamãs mexicanos, à qual deu o nome de Tensegridade. Esses movimentos, realizados durante os transes psíquicos dos xamãs, foram descritos em seu livro Passes Mágicos.

 Conta Castaneda que, quando os feiticeiros entravam em estado de profundo transe, começavam a perceber os outros homens como "bolas lurainosas", com um ponto de brilho muito intenso à altura das omoplatas. Perceberam que esse era o ponto para o qual a energia universal convergia, penetrando nos seres humanos na forma de informações apropriadas à nossa raça; ali acontecia a interpretação dessa energia, que é então incorporada ao nosso sistema cognitivo.

 Por isso, esse ponto foi chamado de "ponto de aglutinação", e essa capacidade de vislumbrar a energia tal como ela flui naturalmente do Universo foi chamada de "visão".

 Nesses estados alterados, os xamãs praticavam intuitivamente contínuos movimentos corporais, e percebiam que eles lhes davam um grande bem-estar físico e espiritual.

 Assim, quando voltavam de suas vivências, começavam a organizar esses movimentos em séries. Passaram a ensiná-los e ritualizá-los de maneira muito criteriosa e sigilosa, apenas para os iniciados, com o objetivo de expandir a consciência.

 Castaneda e suas companheiras - Carol Tiggs, Florinda Donner-Grau e Taisha Abelar - que também foram discípulas de Dom Juan, resolveram sistematizar e mostrar os "passes mágicos" ao mundo, contrariando as recomendações do mestre. Dessa forma, a tensegridade consiste numa série de movimentos, respirações e visualizações que visam ao redirecionamento da energia latente no ser humano, de modo a equilibrar as funções do organismo e integrá-lo ao espírito.

 Existem, ainda, alguns grupos de praticantes da tensegridade espalhados pelos Estados Unidos, e também outros em cidades brasileiras.

 O Tonal e o Nagual

 Castaneda definia o tonal como uma espécie de coleção de todas as memórias e informações contidas no consciente, formas de interpretação que têm relação com a cultura. Seria como uma ilha na qual estão presentes todas as coisas que podem ser nomeadas.

 Já o nagual seria o oceano indizível existente em torno da ilha, as infinitas possibilidades, uma espécie de silêncio absoluto. Para Castaneda, a cultura ocidental não admite elementos que não se enquadrem no senso comum, na "ilha-tonal". Segundo ele,"a educação formal e informal - ou seja, aquela que é produto da integração cultural - do homem ocidental não dá margem a nada estranho ou diferente do consenso social. Aquilo que está fora da norma do nosso bom senso é considerado anormalidade".

 De tato, as duas realidades de que Castaneda falava não estão separadas uma da outra. Elas se unem para compor a totalidade, embora a maior parte da humanidade só consiga "perceber" a realidade palpável, objetiva e visível. Os xamãs do antigo México, afirmava Castaneda, eram capazes de compreender a causa primária da manifestação universal e sua força motriz - a qual chamavam de Intento. "Dom Juan dizia que quem organiza as idéias que vêm da fonte não é o xamã, mas o Intento. O xamã é, simplesmente, um condutor impecável", disse Castaneda, em entrevista à revista chilena Uno Mismo, em 1997.

 O escritor sustentava que, para atingir a impecabilidade do Guerreiro, é necessário abandonar toda importância pessoal, e tornar-se consciente de que o caminho a seguir é solitário e individual; não diz respeito a mais ninguém. Dom Juan costumava dizer a seu aprendiz que "num mundo onde a Morte é a caçadora,não há tempo para arrependimentos ou dúvidas, apenas para decisões".

 "Dom Juan me ensinou a viver para o agora", disse Castaneda, "a encarar a minha morte como um fato inevitável e existente em minha vida. O conceito de morte deve ser encarado como uma realidade. Ele me ensinou que, se eu me considerasse como morto, nenhuma das minhas ações teria importância pessoal, e com isso eu poderia mudar; mudanças poderiam ser feitas e tarefas ser cumpridas".

 Ele dizia que os homens ocidentais não aprendem a ser responsáveis durante a infância e que, por isso, crescem infantis. Seu maior intuito, que acredita ter alcançado, era o de deixar de ser "criança-profissional" e se tornar "guerreiro-pirata". O guerreiro seria aquele que vive impecavelmente de acordo com aquilo que sente, e é imprevisível porque pode mudar de direção e seguir outro caminho a qualquer momento, se sua intuição assim o quiser. Dom Juan dizia: "Todos os caminhos são iguais. Eles não levam a lugar algum".

 Castaneda morreu de câncer hepático, no dia 27 de abril de 98. Sua última obra foi O Lado Ativo do Infinito, publicado após sua morte e que fala, justamente, sobre a morte. Considerado pela revista Time o líder do renascimento espiritual dos EUA, o discípulo de Dom Juan participou de palestras, conferências, seminários e centros de praticantes da tensegridade, juntamente com suas companheiras.

 Plagiado pelos diversos falsos gurus da atualidade, Castaneda era um homem simples, que fugia da publicidade, não permitia que o fotografassem ou gravassem suas entrevistas.

 Por muitos anos, ele esteve "desaparecido do mapa", vivendo sob falsa identidade, isolado de seus amigos e do público, atitude que foi interpretada por alguns como "estrelismo" e, por outros, como "sabedoria". Desde o seu aprendizado com o feiticeiro Dom Juan até o fim de sua vida, Castaneda empenhou-se em trilhar o único caminho que, para ele, tinha um coração: o caminho do guerreiro.

 Tonal e Nagual

 Em certos rituais xamânicos (também chamados de Rodas de Cura), um dos círculos, feito de pedras, é cortado por dois eixos, resultando em quatro direções: os pontos-cardeais.

 O eixo tonal é o Norte-Sul, que equilibra a sabedoria e a inocência, e o eixo nagual é o Leste-Oeste, que oferece as ferramentas extraordinárias para se funcionar entre a ilusão do corpo e a iluminação do espírito.

 O ritual representa a caminhada do ser humano, que se inicia no Leste, onde tudo se encontra em plena Unidade. Segue, então, em direção ao Sul, para se defrontar com as emoções, porque tudo se divide em opostos; depois, para Oeste, afim de aprendera reconciliar e unir os opostos; segue para o Norte, onde encontra sua direção e seu propósito para, finalmente, chegar ao Centro, à

 Iluminação.

 Sendo assim, Castaneda acreditava que a vida é conduzida por um fluxo universal, e que a única coisa que cada um pode fazer é expandir a consciência de tal modo que perceba seu espaço e seu momento. Cada um deve aprender a viver impecavelmente a dança das mudanças.

 * Seis proposiciones explicatorias

 A pesar de las asombrosas maniobras que don Juan efectuó con mi conciencia, a lo largo de los años yo persistí, obsti­nado, en tratar de evaluar intelectualmente lo que él hacía. Aunque he escrito mucho acerca de estas maniobras, siem­pre ha sido desde el punto de vista experiencial y, además, desde una posición estrictamente racional. Inmerso como estaba en mi propia racionalidad, no pude reconocer las metas de las enseñanzas de don Juan. Para comprender el alcance de estas metas con algún grado de exactitud, era necesario que perdiera mi forma humana y que llegara a la totalidad de mí mismo.
Las enseñanzas de don Juan tenían como fin guiarme a tra­vés de la segunda fase del desarrollo de un guerrero: la verifi­cación y aceptación irrestricta de que en nosotros hay otro tipo de conciencia. Esta fase se dividía en dos categorías. La primera, para la que don Juan requirió la ayuda de don Ge­naro, trataba con las actividades. Consistía en mostrarme ciertos procedimientos, acciones y métodos que estaban dise­ñados a ejercitar mi conciencia. La segunda tenía que ver con la presentación de las seis proposiciones explicatorias.
A causa de las dificultades que tuve en adaptar mi racionali­dad a fin de aceptar la plausibilidad de lo que me enseñaba, don Juan presentó estas proposiciones explicatorias en tér­minos de mis antecedentes escolásticos.
Lo primero que hizo, como introducción, fue crear una escisión en mí mediante un golpe específico en el omóplato derecho, un golpe que me hacía entrar en un estado desusual de conciencia, el cual yo no podía recordar una vez que había vuelto a la normalidad.

  Hasta el momento en que don Juan me hizo entrar en tal estado de conciencia tenía un innegable sentido de conti­nuidad, que creí producto de mi experiencia vital. La idea que tenía de mí mismo era la de ser una entidad completa que podía rendir cuentas de todo lo que había hecho. Además, me hallaba convencido de que el aposento de toda mi con­ciencia, si es que lo había, se hallaba en mi cabeza. Sin embargo, don Juan me demostró con su golpe que existe un centro en la espina dorsal, a la altura de los omóplatos, que obvia­mente es un sitio de conciencia acrecentada.

 Cuando interrogué a don Juan sobre la naturaleza de ese golpe, me explicó que el nagual es un dirigente, un guía que tiene la responsabilidad de abrir el camino, y que debe ser impecable para empapar a sus guerreros con un sentido de confianza y claridad. Sólo bajo esas condiciones un nagual se halla en posibilidad de proporcionar un golpe en la espalda a fin de forzar un desplazamiento de conciencia, pues el poder del nagual es lo que permite llevar a cabo la transición. Si el nagual no es un practicante impecable, el desplazamiento no ocurre, como fue el caso cuando yo traté, sin éxito, de colocar a los demás aprendices en un estado de conciencia acrecen­tada aporreándolos en la espalda antes de aventuramos en el puente.

 Pregunté a don Juan qué conllevaba ese desplazamiento de conciencia. Me dijo que el nagual tiene que dar el golpe en un sitio preciso, que varía de persona a persona pero que siempre se halla en el área general de los omóplatos. Un nagual tiene que ver para especificar el sitio, que se localiza en la periferia de la luminosidad de uno y no en el cuerpo físico en sí; una vez que el nagual lo identifica, lo empuja, más que golpearlo, y así crea una concavidad, una depresión en el cascarón lu­minoso. El estado de conciencia acrecentada que resulta de ese golpe dura lo que dura la depresión. Algunos cascarones luminosos vuelven a sus formas originales por sí mismos, algunos tienen que ser golpeados en otro punto a fin de ser restaurados, y otros más ya nunca recuperan sus formas ovales.
Don Juan decía que los videntes ven la conciencia como una brillantez peculiar. La conciencia de la vida cotidiana es un destello en el lado derecho, que se extiende del exterior del cuerpo físico hasta la periferia de nuestra luminosidad.
La conciencia acrecentada es un brillo más intenso que se asocia con gran velocidad y concentración, un fulgor que satura la periferia del lado izquierdo.
Don Juan decía, que los videntes explican lo que ocurre con el golpe del nagual, como un desalojamiento temporal de un centro colocado en el capullo luminoso del cuerpo. Las emanaciones del Águila en realidad se evalúan y se seleccio­nan en ese centro. El golpe altera su funcionamiento normal.

  A través de sus observaciones, los videntes han llegado a la conclusión de que los guerreros tienen que ser puestos en ese estado de desorientación. El cambio en la manera como fun­cione la conciencia bajo esas condiciones hace que ese estado sea un territorio ideal para dilucidar los mandatos del Águila: permite que los guerreros funcionen como si estuvieran en la conciencia de todos los días, con la diferencia de que pueden concentrarse en todo lo que hacen con una claridad y con una fuerza sin precedentes.
Don Juan decía que mi situación era análoga a la que él ha­bía experimentado. Su benefactor creó una profunda esci­sión en él, haciéndolo desplazarse una y otra vez de la con­ciencia del lado derecho a la del lado izquierdo. La claridad y la libertad de su conciencia del lado izquierdo se hallaban en oposición directa a las racionalizaciones e interminables defensas de su lado derecho. Me dijo que todos los guerre­ros son echados a las profundidades de la misma situación que esa polaridad modela, y que el nagual crea y refuerza la escisión a fin de conducir a sus aprendices a la convicción de que hay una conciencia en los seres humanos que no se ha ex­plorado.

1. Lo que percibimos como mundo son las emanaciones del Águila.
Don Juan me explicó que el mundo que percibimos no tiene existencia trascendental. Como estamos familiariza­dos con él creemos que lo que percibimos es un mundo de objetos que existen tal como los percibimos, cuando en rea­lidad no hay un mundo de objetos, sino, más bien, un universo de emanaciones del Águila.
Esas emanaciones representan la única realidad inmuta­ble. Es una realidad que abarca todo lo que existe, lo per­ceptible y lo imperceptible, lo conocible y lo inconocible.
Los videntes que ven las emanaciones del Águila las llaman mandatos a causa de su fuerza apremiante. Todas las criaturas vivientes son apremiadas a usar las emanaciones, y las usan sin llegar a saber lo que son. El hombre común y corriente las interpreta como la realidad. Y los videntes que ven las emanaciones las interpretan como la regla.
A pesar de que los videntes ven las emanaciones, no tienen manera de saber qué es lo que están viendo. En vez de enderezarse con conjeturas superfluas, los videntes se ocupan en la especulación funcional de cómo se pueden interpretar los mandatos del Águila. Don Juan sostenía que intuir una real­idad que trasciende el mundo que percibimos se queda en el nivel de las conjeturas; no le basta a un guerrero conjeturar que los mandatos del Águila son percibidos instantáneamente por todas las criaturas que viven en la tierra, y que ninguna de ellas los perciben de la misma manera. Los guerreros deben tratar de presenciar el flujo de emanaciones y "ver" la manera como el hombre y otros seres vivientes lo usan para construir su mundo perceptible.
Cuando propuse utilizar la palabra "descripción" en vez de emanaciones del Águila, don Juan me aclaró que no estaba haciendo una metáfora. Dijo que la palabra descripción connota un acuerdo humano, y que lo que percibimos emer­ge de un mandato en el que no cuentan los acuerdos humanos.

2. La atención es lo que nos hace percibir las emanaciones del Águila como el acto de "desnatar"
Don Juan decía que la percepción es una facultad física que cultivan las criaturas vivientes; el resultado final de este cultivo en los seres humanos es conocido, entre los videntes, como "atención". Don Juan describió la atención como el ac­to de enganchar y canalizar la percepción. Dijo que ese acto es nuestra hazaña más singular, que cubre toda la gama de alternativas y posibilidades humanas. Don Juan estableció una distinción precisa entre alternativas y posibilidades. Alternativas humanas son las que estamos capacitados para escoger como personas que funcionan dentro del medio so­cial. Nuestro panorama de este dominio es muy limitado. Po­sibilidades humanas resultan ser aquellas que estamos capa­citados para lograr como seres luminosos.
Don Juan me reveló un esquema clasificatorio de tres tipos de atención, enfatizando que llamarlos "tipos" era erróneo. De hecho, se trata de tres niveles de conocimiento: la primera, la segunda y la tercera atención; cada una de ellas es un domi­nio independiente, completo en sí.
Para un guerrero que se halla en las fases iniciales de su aprendizaje, la primera atención es la más importante de las tres. Don Juan decía que sus proposiciones explicatorias eran intentos de traer al primer plano el modo como funciona la primera atención, algo que es totalmente desapercibido por nosotros. Consideraba imperativo que los guerreros compren­dieran la naturaleza de la primera atención si es que iban a aventurarse en las otras dos.
Me explicó que a la primera atención se le ha enseñado a moverse instantáneamente a través de todo un espectro de las emanaciones del Águila, sin poner el menor énfasis evidente en ello, a fin de alcanzar "unidades perceptuales" que todos nosotros hemos aprendido que son perceptibles. Los videntes llaman "desnatar" a esta hazaña de la primera atención, porque implica la capacidad de suprimir las emanaciones superfluas y seleccionar cuáles de ellas se deben enfatizar.
Don Juan explicó este proceso tomando como ejem­plo la montaña que veíamos en ese momento. Sostuvo que mi primera atención, al momento de ver la montaña, ha­bía desnatado una infinita cantidad de emanaciones para obtener un milagro de percepción; un desnate que todos los seres humanos conocen porque cada uno de ellos lo ha logrado alcanzar por sí mismo.
Los videntes dicen que todo aquello que la primera aten­ción suprime para obtener un desnate, ya no puede ser re­cuperado por la primera atención bajo ninguna condición. Una vez que aprendemos a percibir en términos de desnates, nuestros sentidos ya no registran las emanaciones superfluas. Para dilucidar este punto me dio el ejemplo del desnate "cuerpo humano". Dijo que nuestra primera atención está totalmente inconsciente de las emanaciones que componen el luminoso cascarón externo del cuerpo físico. Nuestro ca­pullo oval no está sujeto a la percepción; se han rechazado las emanaciones que lo harían perceptible en favor de las que permiten a la primera atención percibir el cuerpo físico tal como lo conocemos.
Por tanto, la meta perceptual que tienen que lograr los ni­ños mientras maduran, consiste en aprender a aislar las emana­ciones apropiadas con el fin de canalizar su percepción caótica y transformarla en la primera atención; al hacerlo, aprenden a construir desnates. Todos los seres humanos maduros que rodean a los niños les enseñan a desnatar. Tarde o temprano los niños aprenden a controlar su primera atención a fin de percibir los desnates en términos semejantes a los de sus maestros.
Don Juan nunca dejó de maravillarse con la capacidad de los seres humanos de impartir orden al caos de la percepción. Sostenía que cada uno de nosotros, por sus propios méritos, es un mago magistral y que nuestra magia consiste en imbuir de realidad los desnates que nuestra primera atención ha aprendido a construir. El hecho de que percibimos en térmi­nos de desnates es el mandato del Águila, pero percibir los mandatos como objetos es nuestro poder, nuestro don má­gico. Nuestra falacia, por otra parte, es que siempre acabamos siendo unilaterales al olvidar que los desnates sólo son reales en el sentido de que los percibimos como reales, debido al poder que tenemos para hacerlo. Don Juan llamaba a esto un error de juicio que destruye la riqueza de nuestros misterio­sos orígenes.

3. A los desnates les da sentido el primer anillo de poder.
Don Juan decía que el primer anillo de poder es la fuer­za que sale de las emanaciones del Águila para afectar exclusi­vamente a nuestra primera atención. Explicó que se le ha re­presentado como un "anillo" a causa de su dinamismo, de su movimiento ininterrumpido. Se le ha llamado anillo "de po­der" debido, primero, a su carácter compulsivo, y, segundo, a causa de su capacidad única de detener sus obras, de cam­biarlas o de revertir su dirección.
El carácter compulsivo se muestra mejor en el hecho de que no sólo apremia a la primera atención a construir y perpetuar desnates, sino que exige un consenso de todos los participantes. A todos nosotros se nos exige un completo acuerdo sobre la fiel reproducción de desnates, pues la conformidad al primer anillo de poder tiene que ser total.
Precisamente esa conformidad es la que nos da la certeza de que los desnates son objetos que existen como tales, in­dependientemente de nuestra percepción. Además, lo com­pulsivo del primer anillo de poder no cesa después del acuer­do inicial, sino que exige que continuamente renovemos el acuerdo. Toda la vida tenemos que operar como si, por ejem­plo, cada uno de nuestros desnates fueran perceptualmente los primeros para cada ser humano, a pesar de lenguajes y de culturas, Don Juan concedía que aunque todo eso es dema­siado serio para tomarlo en broma, el carácter apremiante del primer anillo de poder es tan intenso que nos fuerza a creer que si la "montaña" pudiera tener una conciencia propia, ésta se consideraría como el desnate que hemos aprendido a cons­truir.
La característica más valiosa que el primer anillo de po­der tiene para los guerreros es la singular capacidad de in­terrumpir su flujo de energía, o de suspenderlo del todo. Don Juan decía que ésta es una capacidad latente que existe en todos nosotros como unidad de apoyo. En nuestro estrecho mundo de desnates no hay necesidad de usarla. Puesto que es­tamos tan eficientemente amortiguados y escudados por la red de la primera atención, no nos damos cuenta, ni siquiera vagamente, de que tenemos recursos escondidos. Sin embargo, si se nos presentara otra alternativa para elegir, como es la opción del guerrero de utilizar la segunda atención, la capaci­dad latente del primer anillo de poder podría empezar a fun­cionar y podría usarse con resultados espectaculares.
Don Juan subraya que la mayor hazaña de los brujos es el proceso de activar esa capacidad latente; él lo llamaba blo­quear el intento del primer anillo de poder. Me explicó que las emanaciones del Águila, que ya han sido aisladas por la primera atención para construir el mundo de todos los días, ejerce una presión inquebrantable en la primera atención. Para que esta presión detenga su actividad, el inten­to tiene que ser desalojado. Los videntes llaman a esto una obstrucción o una interrupción del primer anillo de poder.

4. El intento es la fuerza que mueve al primer anillo de poder.
Don Juan me explicó que el intento no se refiere a tener una intención, o desear una cosa u otra, sino más bien se tra­ta de una fuerza imponderable que nos hace comportarnos de maneras que pueden describirse como intención, deseo, voli­ción, etcétera. Don Juan no lo presentaba como una condición de ser, proveniente de uno mismo, tal como es un hábito producido por la socialización, o una reacción biológica, sino más bien lo representaba como una fuerza privada, íntima, que poseemos y usamos individualmente como una llave que hace que el primer anillo de poder se mueva de maneras aceptables. El intento es lo que dirige a la primera atención para que ésta se concentre en las emanaciones del Águila dentro de un cierto marco. Y el intento también es lo que or­dena al primer anillo de poder a obstruir o interrumpir su flujo de energía.
Don Juan me sugirió que concibiera el intento como una fuerza invisible que existe en el universo, sin recibirse a si misma, pero que aun así afecta a todo: fuerza que crea y que mantiene los desnates.
Aseveró que los desnates tienen que recrearse incesante­mente para estar imbuidos de continuidad. A fin de recrearlos cada vez con el frescor que necesitan para construir un mundo viviente, tenemos que intentarlos cada vez que los construi­mos. Por ejemplo, tenemos que intentar la "montaña" con todas sus complejidades para que el desnate se materialice completo. Don Juan decía que para un espectador, que se comporta exclusivamente con base en la primera atención sin la intervención del intento, la "montaña" aparecería como un desnate enteramente distinto. Podría aparecer como el des­nate "forma geométrica" o "mancha amorfa de coloración". Para que el desnate montaña se complete, el espectador debe intentarlo, ya sea involuntariamente a través de la fuerza apremiante del primer anillo de poder, o premeditadamente, a través del entrenamiento del guerrero.
Don Juan me señaló las tres maneras como nos llega el in­tento. La más predominante es conocida por los videntes como "el intento del primer anillo de poder". Este es un intento ciego que nos llega por una casualidad. Es como si estuvié­ramos en su camino, o como si el intento se pusiera en el nuestro. Inevitablemente nos descubrimos atrapados en sus mallas sin tener ni el menor control de lo que nos está sucediendo.
La segunda manera es cuando el intento nos llega por su propia cuenta. Esto requiere un considerable grado de propó­sito, un sentido de determinación por parte nuestra. Sólo en nuestra capacidad de guerreros podemos colocarnos vo­luntariamente en el camino del intento; lo convocamos, por así decirlo. Don Juan me explicó que su insistencia por ser un guerrero impecable no era nada más que un esfuerzo por dejar que el intento supiera que él se está poniendo en su camino.
Don Juan decía que los guerreros llaman "poder" a este fenómeno. Así es que cuando hablan de tener poder perso­nal, se refieren al intento que les llega voluntariamente. El resultado, me decía, puede describirse como la facilidad de encontrar nuevas soluciones, o la facilidad de afectar a la gente o a los acontecimientos. Es como si otras posibilidades, desconocidas previamente por el guerrero, de súbito se vol­viesen aparentes. De esta manera, un guerrero impecable nunca planea nada por adelantado, pero sus actos son tan decisivos que parece como si el guerrero hubiera calculado de antemano cada faceta de su actividad.
La tercera manera como encontramos al intento es la más rara y compleja de las tres; ocurre cuando el intento nos permite armonizar con él. Don Juan describía éste estado como el verdadero momento de poder: la culminación de los esfuerzos de toda una vida en busca de la impecabilidad. Só­lo los guerreros supremos lo obtienen, y en tanto se encuen­tran en ese estado, el intento se deja manejar por ellos a vo­luntad. Es como si el intento se hubiera fundido en esos gue­rreros, y al hacerlo los transforma en una fuerza pura, sin preconcepciones. Los videntes llaman a este estado el "in­tento del segundo anillo de poder", o "voluntad".

5. El primer anillo de poder puede ser detenido mediante un bloqueo funcional de la capacidad de armar desnates.
Don Juan decía que la función de los no-haceres es crear una obstrucción en el enfoque habitual de nuestra primera atención. Los no-haceres son; en este sentido, maniobras des­tinadas a preparar la primera atención para el bloqueo funcio­nal del primer anillo de poder o, en otras palabras, para la interrupción del intento.
Don Juan me explicó que este bloqueo funcional, que es el único método de utilizar sistemáticamente la capacidad laten­te del primer anillo de poder, representa una interrupción temporal que el benefactor crea en la capacidad de armar des­nates del discípulo. Se trata de una premeditada y poderosa intrusión artificial en la primera atención, con el objeto de empujarla más allá de las apariencias que los desnates cono­cidos nos presentan; esta intrusión se logra interrumpiendo el intento del primer anillo de poder.
Don Juan decía que para llevar a cabo la interrupción, el benefactor trata al intento como lo que verdaderamente es: un proceso, un flujo, una corriente de energía que eventual­mente puede detenerse o reorientarse. Una interrupción de esta naturaleza, sin embargo, implica una conmoción de tal mag­nitud que puede forzar al primer anillo de poder a detenerse del todo; una situación imposible de concebir bajo nuestras condiciones normales de vida. Nos resulta impensable que podamos desandar los pasos que tomamos al consolidar nuestra percepción, pero es factible que bajo el impacto de esa interrupción podamos colocarnos en una posición perceptual muy similar a la de nuestros comienzos, cuando los mandatos del Águila eran emanaciones que aún no imbuíamos de signi­ficado.
Don Juan decía que cualquier procedimiento que el bene­factor pueda cesar para crear esta interrupción, tiene que estar íntimamente ligada con su poder personal, por tanto, un benefactor no emplea ningún proceso para manejar el in­tento, sino que a través de su poder personal lo mueve y lo pone al alcance del aprendiz.
En mi caso, don Juan logró el bloqueo funcional del pri­mer anillo de poder mediante un proceso complejo, que combinaba tres, métodos: ingestión de plantas alucinogé­nicas, manipulación del cuerpo y maniobrar el intento mismo.
En el principio don Juan se apoyó fuertemente en la inges­tión de plantas alucinogénicas, al parecer a causa de la persis­tencia de mi lado racional. El efecto fue tremendo, y sin em­bargo retardó la interrupción que se buscaba. El hecho de que las plantas fueran alucinogénicas le ofrecía a mi razón la justificación perfecta para congregar todos sus recursos dispo­nibles para continuar ejerciendo el control. Yo estaba conven­cido de que podía explicar lógicamente cualquier cosa que experimentaba, junto con las inconcebibles hazañas que don Juan y don Genaro solían llevar a cabo para crear las interrup­ciones, como distorsiones perceptuales causadas por la inges­tión de alucinógenos.
Don Juan decía que el efecto más notable de las plantas alucinogénicas era algo que cada vez que las ingería yo inter­pretaba como la peculiar sensación de que todo en torno a mí exudaba una sorprendente riqueza. Había colores, formas, de­talles que nunca antes había presenciado. Don Juan utilizó este incremento de mi habilidad para percibir, y mediante una serie de órdenes y comentarios me forzaba a entrar en un estado de agitación nerviosa. Después manipulaba mi cuer­po y me hacía cambiar de un lado al otro de la conciencia, hasta que había creado visiones fantasmagóricas o escenas completamente reales con criaturas tridimensionales que era imposible que existieran en este mundo.
Don Juan me explicó que una vez que se rompe la relación directa entre el intento y los desnates que estamos construyendo, ésta ya nunca se puede restituir. A partir de ese mo­mento adquirimos la habilidad de atrapar una corriente de lo que él conocía como "intento fantasma", o el intento de los desnates que no están presentes en el momento o en el lugar de la interrupción, eso es, un intento que queda a nuestra dis­posición a través de algún aspecto de la memoria.
Don Juan sostenía que con la interrupción del intento del primer anillo de poder nos volvemos receptivos y maleables; un nagual puede entonces introducir el intento del segundo anillo de poder. Don Juan se hallaba convencido de que los niños de cierta edad se hallan en una situación parecida de receptividad; al estar privados de intento, quedan listos para que se les imprima cualquier intento accesible a los maestros que los rodean.
Después de un periodo de ingestión continua de plantas alu­cinogénicas, don Juan descontinuó totalmente su uso. Sin em­bargo, obtuvo nuevas y aún más dramáticas interrupciones en mí manipulando mi cuerpo y haciéndome cambiar de esta­dos de conciencia, combinando todo esto con maniobrar el intento mismo. A través de una combinación de instrucciones mesmerizantes y de comentarios apropiados, don Juan creaba una corriente de intento fantasma, y yo era conducido a expe­rimentar los desnates comunes y corrientes como algo inima­ginable. El conceptualizó todo eso como "vislumbrar la in­mensidad del Águila".
Don Juan me guió magistralmente a través de incontables interrupciones de intento hasta que se convenció, como viden­te, que mi cuerpo mostraba el efecto del bloqueo funcional del primer anillo de poder. Decía que podía ver una actividad desacostumbrada en mi cascarón luminoso en torno al área de los omóplatos. La describió como un hoyuelo que se había formado exactamente como si la luminosidad fuese una capa muscular contraída por un nervio.
Para mí, el efecto del bloqueo funcional del primer ani­llo de poder fue que logró borrar la certeza que toda mi vida había tenido de que era "real" lo que reportaban mis senti­dos. Calladamente entré en un estado de silencio interior. Don Juan decía que lo que le da a los guerreros esa extrema incertidumbre que su benefactor experimentó a fines de su vida, esa resignación al fracaso que él mismo se hallaba vivien­do, es el hecho de que un vislumbre de la inmensidad del Águila nos deja sin esperanzas. La esperanza es resultado de nuestra familiaridad con los desnates y de la idea de que los controlamos. En tales momentos sólo la vida de guerrero nos puede ayudar a perseverar en nuestros esfuerzos por descubrir lo que el Águila nos ha ocultado, pero sin esperanzas de que podamos llegar a comprender alguna vez lo que descubrimos.

6. la segunda atención.
Don Juan me explicó que el examen de la segunda atención debe de comenzar con darse cuenta de que la fuerza del primer anillo de poder, que nos encajona, es un lindero físico, concre­to. Los videntes lo han descrito como una pared de niebla, una barrera que puede ser llevada sistemáticamente a nuestra con­ciencia por medio del bloqueo del primer anillo de poder; y luego puede ser perforada por medio del entrenamiento del guerrero.
Al perforar la pared de niebla, uno entra en un vasto estado intermedio. La tarea de los guerreros consiste en atravesarlo hasta llegar a la siguiente línea divisoria, que se deberá perforar a fin de entrar en lo que propiamente es el otro yo o la segun­da atención.
Don Juan decía que las dos líneas divisorias son perfecta­mente discernibles. Cuando los guerreros perforan la pared de niebla, sienten que se retuercen sus cuerpos, o sienten un inten­so temblor en la cavidad de sus cuerpos, por lo general a la de­recha del estómago o a través de la parte media, de derecha a izquierda. Cuando los guerreros perforan la segunda línea, sienten un agudo crujido en la parte superior del cuerpo, algo como el sonido de una pequeña rama seca que es partida en dos.
Las dos líneas que encajonan a las dos atenciones, y que las sellan individualmente; son conocidas por los videntes como las líneas paralelas. Estas sellan las dos atenciones mediante el hecho de que se extienden hasta el infinito, sin permitir jamás el cruce a no ser que se les perfore.
Entre las dos líneas existe un área de conciencia específica que los videntes llaman limbo, o el mundo que se halla entre las líneas paralelas. Se trata de un espacio real entre dos enor­mes órdenes de emanaciones del Águila; emanaciones que se hallan dentro de las posibilidades humanas de conciencia. Uno es el nivel que crea el yo de la vida de todos los días, y el otro es el nivel que crea el otro yo. Como el limbo es una zona transi­cional, allí los dos campos de emanaciones se extienden el uno sobre el otro. La fracción del nivel que nos es conocido, que se extiende dentro de esa área, engancha a una porción del pri­mer anillo de poder; y la capacidad del primer anillo de poder de construir desnates, nos obliga a percibir una serie de desna­tes en el limbo que son casi como los de la vida diaria, salvo que aparecen grotescos, insólitos y contorsionados. De esa ma­nera el limbo tiene rasgos específicos que no cambian arbitra­riamente cada vez que uno entra en él. Hay en él rasgos físicos que semejan los desnates de la vida cotidiana.
Don Juan sostenía que la sensación de pesadez que se expe­rimenta en el limbo se debe a la carga creciente que se ha colocado en la primera atención. En el área que se halla justa­mente tras de la pared de niebla aún podemos comportarnos como lo hacemos normalmente; es como si nos encontráramos en un mundo grotesco pero reconocible. Conforme penetra­mos más profundamente en él, más allá de la pared de niebla, progresivamente se vuelve más difícil reconocer los rasgos o comportarse en términos del yo conocido.
Me explicó que era posible hacer que en vez de la pared de niebla apareciese cualquier otra cosa, pero que los videntes han optado por acentuar lo que consume menor energía: visualizar ese lindero como una pared de niebla no cuesta ningún esfuerzo.
Lo que existe más allá de la segunda línea divisoria es cono­cido por los videntes como la segunda atención, o el otro yo, o el mundo paralelo; y el acto de traspasar los dos linderos es conocido como "cruzar las líneas paralelas".
Don Juan pensaba que yo podía asimilar este concepto más firmemente si me describía cada dominio de la conciencia co­mo una predisposición perceptual específica. Me dijo que en el territorio de la conciencia de la vida cotidiana, nos hallamos inescapablemente enredados en la predisposición perceptual de la primera atención. A partir del momento en que el primer anillo de poder empieza a construir desnates, la manera de cons­truirlos se convierte en nuestra predisposición perceptual normal. Romper la fuerza unificadora de la predisposición perceptual de la primera atención implica romper la primera lí­nea divisoria. La predisposición perceptual normal pasa enton­ces al área intermedia que se halla entre las líneas paralelas. Uno continúa construyendo desnates casi normales durante un tiem­po. Pero conforme se aproxima uno a lo que los videntes llaman la segunda línea divisoria, la predisposición perceptual de la pri­mera atención empieza a ceder, pierde fuerza. Don Juan decía que esta transición está marcada por una repentina incapacidad de recordar o de comprender lo que se está haciendo.
Cuando se alcanza la segunda línea divisoria, la segunda aten­ción empieza a actuar sobre los guerreros que llevan a cabo el viaje. Si éstos son inexpertos, su conciencia se vacía, queda en blanco. Don Juan sostenía que esto ocurre porque se están aproximando a un espectro de las emanaciones del Águila que aún no tienen una predisposición perceptual sistematizada. Mis experiencias con la Gorda y la mujer nagual más allá de la pa­red de niebla era un ejemplo de esa incapacidad. Viajé hasta el otro yo, pero no pude dar cuenta de lo que había hecho por la simple razón de que mi segunda atención se hallaba aún in­formulada y no me daba la oportunidad de organizar todo lo que había percibido.
Don Juan me explicó que uno empieza a activar el segundo anillo de poder forzando a la segunda atención a despertar de su estupor. El bloqueo funcional del primer anillo de poder logra esto. Después, la tarea del maestro consiste en recrear la condición que dio principio al primer anillo de poder, la con­clusión de estar saturado de intento. El primer anillo de poder es puesto en movimiento por la fuerza del intento dado por quienes enseñan a desnatar. Como maestro mío él me estaba dando, entonces, un nuevo intento que crearía un nuevo me­dio perceptual.
Don Juan decía que toma toda una vida de disciplina incesan­te, que los videntes llaman intento inquebrantable, preparar al segundo anillo de poder para que pueda construir desnates del otro nivel de emanaciones del Águila. Dominar la predis­posición perceptual del yo paralelo es una hazaña. de valor in­comparable que pocos guerreros logran. Silvio Manuel era uno de esos pocos.
Don Juan me advirtió que no se debe intentar dominarla deliberadamente. Si esto ocurre, debe de ser mediante un pro­ceso natural que se desenvuelve sin un gran esfuerzo de nuestra parte. Me explicó que la razón de esta indiferencia estriba en la consideración práctica de que al dominarla simplemente se vuelve muy difícil romperla, pues la meta que los guerreros persiguen activamente es romper ambas predisposiciones per­ceptuales para entrar en la libertad final de la tercera atención.

  * Baseado em tradução livre da versão espanhola de "El Don Del Águila", e na Revista Sexto Sentido 34 p 6-10 e no site do IPPB consultado em 2/3/2006 http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=2021

Sugestões de leitura
"O Caminho do Guerreiro Pacífico" de Dan Milmann
O CAMINHO DO GUERREIRO de HOWARD REID Editora: PENSAMENTO-CULTRIX 288 pg. 2003 http://www.facebook.com/ArtesMarciaisparadoxo/

Projeção do Corpo Astral e Projeciologia ó http://www.padilla.adv.br/mistico/projecao
Viva muito mais  e  melhor :
Preserve a saúde descobrindo tudo o que a indústria da doença e da morte oculta clique aqui R
Proteja seu pensamento e sua energia.  Aprenda como funciona o poder e se liberte da manipulação clique aqui N
Originalmente publicado em http://www.padilla.adv.br/mistico/projecao/castaneda/  ,visitante nº  

Nenhum comentário:

Postar um comentário