Porto Alegre foi sede na Copa do Mundo de 1950:
No dia 26 de junho de 1950, onze mil pessoas superlotaram o inacabado Estádio dos Eucaliptos para torcerem pelo México: os gaúchos de sombreiro. Não adiantou: venceu a Iugoslávia, do Joseph Broz Titto, por 4 a 1.
Uma semana depois, em 3 de julho de 1950, o povão desiludido, apareceram só 3.000 torcedores; novamente o México perdeu; os coxas brancas suíços, do ferrolho famoso, aplicaram 2 a 1...
O goleiro mexicano era uma figura notável; bigodudo, parecido com Pancho Villa e se chamava Antonio Carbajal. Em 1962, como Capitão do México, conduziu a 1ª vitória mexicana em Copas, contra a Checoslováquia.
Embora seja um recordista com cinco participações em Copas Mundiais, de 1950 a 1966, a maioria dos aficionados em futebol nunca ouviu falar em Antonio Carbajal... Por que?
Porque, como outros negros destacados durante a fase de preconceito racial, ele foi jogado no esquecimento:
Saiba mais em http://www.padilla.adv.br/desportivo/idolatria/
Do Estádio dos Eucaliptos, anos 50, ao Beira Rio, 2014
Marcante, no Estádio dos Eucaliptos, anos 50, o "Rolo Compressor", como era conhecida a equipe do Internacional, hexa campeã; também chamado de cronômetro pois sempre jogava bem.
Nos anos oitenta descobriram o craque Abigail, do famoso "Rolo Compressor", morando em um casebre, da Vila Tio Zéca, próximo da atual refinada ARENA tricolor; prostrado numa cadeira de rodas, doente, velho, abandonado; tinha só o cachorro de companheiro.
Levaram o Abigail para o Beira Rio, lotado; antes do jogo, o conduziram na cadeira de rodas em volta olímpica...
Foi ovacionado, apesar da maioria dos torcedores nem saber de quem se tratava; os repórteres resolveram entrevistá-lo, uma coisa meio absurda, porque o coitado do Abigail falava com dificuldade e se babava.
Ante as perguntas do trêfego repórter, conseguiu dizer estar com fome. Não tinha se alimentado o dia inteiro,nem café e nem almoço, nada; um dia de complicação para o trazer ao estádio e... Pediu comida! Todo mundo ouviu, nos microfones da rádio, aquela dura realidade do pobre craque Abigail: velho, doente e pobre.
Que contraste com seus dias de glória! Desfeito o Rolo Compressor, anos cinquenta, Abigail jogou na linha média do clube Nacional, o "ferrinho" no estádio da Chácara da Camélias, onde hoje fica o Supermercado Kastelão, na Av. José de Alencar; compôs uma então famosa linha média - Quito, Laerte e Abigail - O Nacional, o "ferrinho" foi um baita time de futebol da época, de memorável equipe: La Paz, - Florindo e Lindoberto - Quito, Laerte e Abigail - Luizinho, Bodinho, Amaro, Quinzinho e Francisco. O técnico era o Teté. O Clube desapareceu? Quem ouviu falar?
Depois daquela volta olímpica, os aplausos da massa comprimida no Beira Rio, Abigail voltou ao seu viver de favelado, na vila Tio Zéca e, poucos dias depois, morreu! Dizem os vizinhos, foi de emoção, dos nervos: depois de voltar do Beira Rio lotado não dormiu mais, inquieto e nervoso.
Como uma espécie de penitência pela omissão de décadas durante as quais sofreu o craque do passado colorado, Zero Hora publicou fotos e fez reportagem sobre a tragédia pós fama.
Texto baseado em relatos do Dr. Nério "dos Mondadori" Letti.
Emoções do esporte: http://padilla-luiz.blogspot.com.br/2013/05/atleta-recusa-vencer.html
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