Futebol e carnaval não combinam?
O Carnaval é a principal festa popular brasileira; o futebol é o principal esporte do pais. Ambos permeiam a cultura nacional. Por que a combinação entre eles não dá bons resultados?
Em excelente abordagem, André Alexandre Guimarães Couto, com o título "Carnaval realmente combina com Futebol" www.historiadoesporte.wordpress.com salienta:
Três dos quatro grandes times de futebol do Rio de Janeiro foram enredo de carnaval, com resultados pífios:
Em 1995, no ano comemorativo do centenário do Flamengo, a Escola de Samba Estácio de Sá lançava o enredo “Uma Vez Flamengo” (clara e óbvia alusão ao hino oficial do time rubro negro) e conseguiu um modestíssimo sétimo lugar no Grupo Especial (principal).
Pior foi o desempenho da Escola de Samba Unidos da Tijuca. Essa escola, em 2014, foi campeã na era Paulo Barros, o talentoso carnavalesco da agremiação do Morro do Borel. Contudo, em 1998, a mesma homenageu o centenário do Vasco da Gama com o enredo “De Gama a Vasco, a Epopéia da Tijuca”. Resultado final: 13ª colocação no Grupo Especial e rebaixamento para o então Grupo de Acesso (hoje, Grupo A).
Em 2002, mais um centenário de um time grande: a Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha homenageou o Fluminense com o enredo: “Nas Asas da Realização, Entre Glórias e Tradições, a Rocinha Faz a Festa dos 100 Anos de Campeão… Sou Tricolor de Coração!”. E, adivinhem, foi mais um vexame clubístico: 13ª colocação no Grupo de Acesso. http://www.youtube.com/watch?v=FU5dpacnMkA
Os três exemplos acima são de um cenário de clubes de futebol e carnaval, o Rio de Janeiro. Por que o Carnaval exibido pelas principais escolas de samba não geraram resultados expressivos quando focaram o futebol?
Em São Paulo, houve a formação de escolas de samba a partir de torcidas organizadas como a Gaviões da Fiel e a Mancha Verde.
André Alexandre Guimarães Couto formula três hipóteses:
A primeira de uma certa resistência no universo carnavalesco em detrimento do futebol, o qual concentra a atenção dos cariocas durante todo o ano.
A segunda, da paixão pelos clubes de futebol influenciar as notas da Comissão Julgadora: quem torce por outro clube pode, pela paixão reversa, avaliar por baixo. Ou seja, julgam mais a escolha do clube do que o desfile da escola de samba.
A terceira, a aproximação de determinados dirigentes dos clubes com as escolas poderia gerar uma antipatia geral, entre os demais clubes, escolas de samba, torcedores, foliões, etc. Exemplo: até hoje, a escola de samba Unidos da Tijuca que, em 1998, homenageou o Vasco da Gama, mantém uma forte relação com essa clube, visível na comemoração de 2014 ao vencer o Grupo Especial: camisas e bandeiras do cruz-maltino!
Vale este raciocínio quando tratamos da idolatria?
Os clubes sofrem ao tentar ser destaque como enredos nas escolas de samba; contudo, os ídolos do futebol apresentam melhores resultados.
Seja por se destacam em um contexto mais amplo (outros clubes e seleção), pela carreira ilibada e responsável (considerados, portanto, grandes profissionais, inclusive respeitados pelos torcedores de clubes rivais) ou pela simpatia e carisma pessoais.
Forte exemplo a homenagem a Nilton Santos pela Unidos de Vila Isabel em 2002 que, com o enredo “O Glorioso Nilton Santos… Sua Bola, Sua Vida, Nossa Vila…” conseguiu o vice-campeonato no Grupo de Acesso.
No ano de 2014, a Imperatriz Leopoldinense homenageou Zico com o enredo “Arthur X: O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz” e conquistou o 5º lugar no Grupo Especial.
Apesar de um certo destaque, e saindo bem melhor do que os fracassados enredos de clubes de futebol, o resultados dos jogadores de futebol é pequeno comparado aos das escolas de samba homenageando ídolos da música, literatura e cultura de forma geral, como a Imperatriz Leopoldinense com Lamartine Babo (Campeã do Grupo 1-A em 1981), Beija-Flor com Bidu Sayão (3ª Colocada do Grupo Especial em 1995) e Roberto Carlos (Campeão do Grupo Especial em 2011) e a Estação Primeira de Mangueira com Dorival Caymmi (Campeã do Grupo 1-A, em 1986), Carlos Drummond de Andrade (Campeã do Grupo 1-A, em 1987) e Chico Buarque (Campeã do Grupo Especial em 1998).
E o que dizer da vitória da Unidos da Tijuca, em 2014, com o enredo “Acelera, Tijuca”, homenagem à Ayrton Senna, um ídolo do automobilismo?
Sim, Senna é ídolo de outro esporte, não de futebol!
Assim, completam-se as observações de André Alexandre Guimarães Couto com uma quarta e acadêmica hipótese:
Assim, completam-se as observações de André Alexandre Guimarães Couto com uma quarta e acadêmica hipótese:
Carnaval, principal festa popular brasileira, e o
Futebol, o principal esporte do pais, são, ambos,
modalidades de jogos e, portanto,
disputam o mesmo espaço na cultura humana:
Futebol, o principal esporte do pais, são, ambos,
modalidades de jogos e, portanto,
disputam o mesmo espaço na cultura humana:
Isso explica porque as tentativas de combinar o futebol e o carnaval produziram resultados desastrosos, inclusive o rebaixamento de uma escola de samba.
Ambos são jogos e disputam o mesmo espaço de atuação. Por isso, repelem-se.
Ambos são jogos e disputam o mesmo espaço de atuação. Por isso, repelem-se.
Descubra como nós, humanos, atuamos em 4 planos:
Referências:
CARNAVAL E BOLA: relembre os desfiles que levaram o futebol para a Avenida. http://m.globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/03/carnaval-e-bola-relembre-os-desfiles-que-levaram-o-futebol-para-avenida.html 2/3/2014 acesso em 9/2/2014.
Alguns dos mais Interessantes aspectos da idolatria no futebol http://www.padilla.adv.br/desportivo/idolatria
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