Shibui (渋い adjectivo), shibumi (渋み) ou shibusa (渋さ substantivos)
são palavras da língua japonesa referentes à singular estética de
perfeição na simplicidade - cuja compreensão envolve a abertura da
percepção propiciada pelo Tao, Zen, ou de outras práticas orientais. É
ultrapasar os limites do conhecimento (temporal), e atingir a
simplicidade da sabedoria. Certamente aplicam-se ao sunset portoalegrense.
A ponte elevando-se sobre o Rio Guaíba ao passar embarcação. Foto by Graziella Granata a partir de aeronave pousando no aeroporto Salgado Filho. Os cálculos estruturais da ponte foram realizados pelo engenheiro San Martin o qual, por décadas, professor da disciplina de cálculo na UFRGS até 1977 quando nos obrigou a enfrentar, dois dias seguidos, as enormes filas do Decordi. Outro dia conto essa história... Agora, veja a foto:
Shibumi, sem correspondência em Português, em NIHON GO expressa um
conjunto de qualidades harmoniosas culminando por assegurar ao seu
detentor um estado de espírito de plenitude - do ser no Universo – um
delicado equilíbrio; é o foco na perfeição das Artes Marciais.
Alguns
referem como Nirvana budista, ou Satorti. Na Índia, pode ser comparado à
recitação do “Nam-myoho-rengue-kyo” dentro do Sutra de Lótus.
Não
existe possibilidade de uma tradução. Contudo, sabemos ser a síntese de
todas as forças do Universo consubstanciadas na natureza competitivo e
evolutiva da vida e do ser humano.
Como descrever uma qualidade indescritível ?
Uma expressão de tão correta não precisar ser ousada...
Tão mordaz prescindir ser bonita...
Tão verdadeira sem necessitar ser real?
Qual é a diferença entre o verdadeiro e o falso? O efeito causado em nós!
O falso espelha-se e ecoa em nossas fraquezas, dependências/carências/necessidades e conflitos.
Nascer capaz de entender o Universo é uma qualidade da natureza humana.
O falso a contraria: fecha-nos; amesquinha, torna-nos egoístas, preocupados e deprimidos.
O verdadeiro enche-nos de amor, engrandece-nos; dá-nos forças e energiza para superar dificuldades e obstáculos.
Shibumi é um silêncio eloqüente. Avatares podem auxiliar; contudo, a voz do Universo é discreta e pulsa em nossa energia.
Shibumi é compreensão, muito mais do que conhecimento.
Uma leveza que nos transporta a outro plano.
Ultrapassar o conhecimento e atingir a simplicidade.
A simplicidade da sabedoria:
O conhecimento é limitado as acervo de informações...
A sabedoria não tem limites: é a capacidade de compreender, tudo e a todos.
Quando o sábio encontra algo “novo”, antes que alguém possa terminar de dizer: “-algo que não conhecias! Não és tão sábio assim ! “ O ser iluminado já se harmonizou com o “novo” e é um só, harmonizado com o Universo:
Ser Um, e ao mesmo tempo o Todo.
Shibumi
- em nihon-go (língua japonesa, ideográfica ou simbólica) expressa uma
virtude de esplendor ó até pode se referir a uma obra. Sentimos, mais do
que propriamente vemos, Shibumi é usado para qualificar jardins e
locais nos quais há tanta harmonia que a beleza é fluída e a paz está em
movimento sem perturbar-se.
Mas a principal referência de
Shibumi será sempre à pessoa... Porque uma obra – se tiver a
característica de Shibumi, a terá recebido do seu criador, e constituirá
o registro do momento em que o artista atingiu um momento de esplendor.
No
comportamento (wabi), uma tranqüilidade espiritual que não é passiva.
Em Shibumi, há uma energia intensa mas pacificadora, que desestimula
qualquer desafio.
O detentor de Shibumi possui autoridade – ao
natural, sem necessidade de dominação e derivada da sabedoria. Embora
criado por um ocidental, o inglês Rudyard Kipling (1865-1936), o poema
“IF” auxilia a entender o Shibumi:
Se Se és capaz de manter a calma quando Todo o mundo ao redor já perdeu e te culpa; De crer em ti quando todos estão duvidando, E para esses no entanto expiar a desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares, Ou, enganado, não mentir ao mentiroso, Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires; De sonhar - sem fazer dos sonhos os teus senhores; Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires Tratar da mesma forma a esses dois impostores; Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas Em armadilhas as verdades que disseste, E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas, E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, Resignado, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo A dar seja o que for que neles ainda existe, E a persistir assim quando, exaustos, contudo Resta a vontade em ti que ainda ordena:"Persiste!" ;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes E, entre reis, não perder a naturalidade, E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, Se a todos podes ser de alguma utilidade, E se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho, Tua é a terra com tudo o que existe no mundo E o que é mais - tu serás um Humano, ó meu filho! ".
Nota:
a tradução de Guilherme de Almeida, sonoramente mais harmoniosa
comparada ao original inglês, terminava com “és um Homem, ó meu filho”.
Homenageando o humanista, substituímos pela expressão mais adequada os
tempos atuais. A 4ª linha da primeira estrofe continha “...achar uma
desculpa”. No sentido de razão para continuar lutando contra o atavismo
mesmo quando todos o culpam.
Fui seu aluno de Direito na UFRGS .... Não posso deixar de dizer que estou decepcionado pelo seu blog do lado do nosso presidente fake news. Sinceramente não esperava isso do senhor. Ronaldo e Marina
Fui seu aluno de Direito na UFRGS .... Não posso deixar de dizer que estou decepcionado pelo seu blog do lado do nosso presidente fake news. Sinceramente não esperava isso do senhor. Ronaldo e Marina
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